Casa Paisagem,
Tijolos e Barro Cru

Esta instalação efémera foi apresentada no Instituto Camões no contexto da exposição Aflorar - Terra e Memória, com curadoria de Ana Marta Clemente e Ricardo Barbosa Vicente.
Feita de tijolo cozido e barro cru, esta obra apresenta uma relação entre a casa e o fazer da olaria caboverdiana, feita por mulheres na esfera do quotidiano doméstico. Os tijolos definem uma arquitectura pontuada de elementos — rolos de terra crua — marcados pelo gesto do fazer da cerâmica. Neste processo, habitualmente, os rolos são sobrepostos e pressionados uns sobre os outros pelo polegar, que os ajuda a unir de forma a criar a parede. Porém, neste caso, os rolos ainda que firmados com os polegares ajustam-se aos elementos que caracterizam uma casa e formam como que desenhos no espaço, criando traçados em mutação, primeiramente em processo de secagem, que se desdobram à medida dos tijolos e da construção. O cru do barro deixa a instalação no limiar de se tornar novamente terra, novamente paisagem. E em cabo verde não se faz olaria sem uma forte conexão com a geologia do território.

imagens @Guillaume Vieira